Semana XIII - Boletim DAJAF
Influência da fala e língua sobre nossa visão de mundo
A ontologia é o princípio de
todos estudo da área de comunicação. Ou seja, o estudo do próprio ser humano
serve de base para compreendermos o sentido e pretensões da nossa fala. Nesse
sentido alguns pontos podem ser levantados como, por exemplo, a teorização da
comunicação ser insustentável. O cerne dessa afirmação baseia-se do fato de a aparição
de novas formas de transmitir ideias são tão rápidas, a ponto de tornar
inviável criar conceitos e fórmulas que a representem em tempo real. Assim, a
comunicação prática está sempre anos luz à frente da que está presente em livros
acadêmicos e em conceitos fundamentais (sem reduzir de forma alguma a relevância
desses meios).
Outro aspecto essencial consiste
na quebra com a dicotomia antes existente entre: interno e externo; emissor e
receptor; sujeito e objeto. Todos, simultaneamente, falam e são escutados em diferentes
contextos. Logo, a mensagem deixa de ser unidirecional e passa a se propagar de
maneira difusa e amorfa. A noção de barreira física é brutalmente rompida no
momento em que transmissões ao vivo de música são recepcionadas em telas de
celulares, computadores e tabletes ao redor de todo o mundo. A percepção de
apresentações de música é mutuamente interna a um cenário de gravações e externa
através de veículos de informação. Além disso, a música (antes objeto) passa a
ser sujeito, a partir da sua capacidade de arrecadar doações e reatar conexões
antes extintas. Seja franco leitor, quantas vezes desde a quarentena você envia,
recebe, escuta ou debate sobre “lives” de seus artistas preferidos? Quantas
famílias são amparadas por doações provenientes de shows? Quando você se
imaginou assistir a tantas apresentações ao vivo e gratuitas, no conforto da
sua casa? Garanto que se surpreendeu com algumas dessas respostas (se não com
todas).
Toda essa mudança de cenário a
mutualidade e tornam da comunicação um compartilhamento de sentido, retornando
no ponto de que compreender o ser humano e vital para entender a forma como se
comunica e enxerga o mundo. Outro ponto interessante que parte disso é a influência
disso nas suas vivências. Segundo Christopher Hart, professor de linguística da
Universidade de Lancaster, no Reino Unido: "A estrutura de um idioma força
nossa atenção em certos aspectos da realidade relevantes para um idioma no
momento em que é falado". A língua nada mais faz do que criar recursos
para facilitar nossas vidas. Por meio de convenções temos “etiquetas” para
batizar o que nos é essencial (ou, simplesmente, o que está a todo tempo
presente na rotina).
Apesar de pensarmos da mesma
maneira, falamos de formas diferentes: O idioma inglês requer o uso do tempo
correto (neste caso, o pretérito), enquanto no indonésio o verbo não precisa
ser alterado para indicar o tempo; Em russo, o verbo seria alterado para
indicar tempo e sexo; Em turco, o verbo deve indicar como essa informação foi
obtida: se foi testemunhada ou foi contada por uma terceira pessoa. Além do
mais, infinitas situações podem ser citadas para reafirmar: a língua continua
sendo intrinsecamente dependente de pontos de vista!
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